Paulo Nobre candidato do Verdão planeja reaproximação com a Traffic

Especiais/Entrevista - (12/01/2011 09h40min24 - Atualizado 12/01/2011 12h11min13)
Candidato do Verdão planeja reaproximação com a Traffic
Marcelo Belpiede
São Paulo (SP)


Especialista em negócios, Paulo Nobre está consciente de que o Palmeiras apresenta uma alarmante situação financeira. Portanto, já pensa em alternativas para buscar reforços em sua gestão e cogita até uma conversa com a Traffic para apagar as rusgas que surgiram nos últimos meses e retomar a parceria.

Nesta segunda parte da entrevista, Paulo Nobre ainda fala sobre a presença de ídolos na diretoria do Verdão, o sentimento de humilhação da torcida, a possibilidade de um busto ao goleiro Marcos no fim da carreira e os planos em relação aos outros esportes. Por fim, cita o desejo de transformar as categorias de base do clube em uma potência dentro de alguns anos, como no badalado Barcelona, da Espanha.

Izaque Vanderlei (pergunta via comentários) - Gostaria de saber do Paulo Nobre, o meu candidato preferido à presidência, o que ele fará em relação às humilhações que o torcedor está sofrendo ano após ano?

PAULO NOBRE: O torcedor está meio carente, está sentindo que até jogadores não respeitam muito Palmeiras, preferem ir a outros clubes. Obviamente há gozações de outros times. Eu estive conversando com um torcedor da Mancha (Alviverde), que me falou que era vítima de sarro de um torcedor de dez anos e que não aguentava mais humilhação. Claro que faz parte do futebol, mas eu entendo que os insucessos do Palmeiras deixam o torcedor como alvo. A resposta que eu daria é genérica, mas verdadeira. O respeito vem de dentro para fora, não de fora para dentro. É igual o valor. Se você não se valoriza, quem vai te valorizar? Você precisa se achar bom, se achar capaz para ser respeitado. Não adianta eu colocar plano de governo ao clube. Eu quero que o Palmeiras se respeite de dentro para fora para o respeito de fora para dentro voltar a existir.

Lucas (via comentários) - O que você acha dessa parceria com a Traffic? É vantajosa depois do que aconteceu no caso Ronaldinho?

PAULO NOBRE: Acho que as parcerias são muito boas. Quando você tem dinheiro, pode contratar sozinho um jogador e ter os lucros sozinho, mas fica sozinho com os riscos. Por mais séria que seja a contratação, às vezes não dá certo. As parcerias só me preocupam quando você está com o chapéu na mão, é natural de mercado que a parte mais forte aperte e você saia em desvantagem. Sei que a parceria com a Traffic se desgastou, eu até estou para marcar uma reunião com o J.Hawilla, uma pessoa que tenho acesso independentemente do Palmeiras, para entender o que, de fato, aconteceu para ter uma opinião formada. Não é por causa de um episódio é que você irá pichar a parceria.

Guidogema (via comentários) - Por que não investir o dinheiro que ia para o Ronaldinho Gaúcho em um ídolo com identificação no clube como o Alex?

PAULO NOBRE: Eu sou um fã do Alex, mas é tão difícil trazê-lo como foi fechar com o Ronaldinho. Quando eu era vice-presidente, tentamos contratá-lo e não deu. É um grande ídolo. Cada vez que tem a possibilidade de vir, o time dele (Fenerbahce, da Turquia) adianta salários. A grande vantagem do Ronaldinho seria o marketing. Só o que conseguiria de retorno publicitário, ele se pagaria. Mas não é fácil. Os dois são grandes jogadores, difíceis de trazer. Na questão do futebol, o Felipão seria o mais indicado a analisar qual seria melhor.

Osvaldo Genesi Jr. (via comentários) - É possível o clube ter um diretor de futebol com mais jogo de cintura ou até um ídolo como Evair, César Sampaio e Marcos?


Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

Paulo Nobre elogia base do BarcelonaPAULO NOBRE: O César Sampaio, quando eu estava na vice-presidência, o Gilberto Cipullo tentou trazer de tudo que era jeito, mas ele não tinha tempo. Você não pode queimar um ídolo. O maior fã que o Evair tem na carreira sou eu. Acho que nem a mãe dele é mais fã do que eu. Para mim, falo para qualquer um, o maior de todos os tempos não foi o Pelé ou o Maradona, mas sim o Evair. Mas o dirigente precisa tomar cuidado ao contratar um ídolo, ele pode se queimar. Não sei se na diretoria de futebol um ídolo teria o mesmo sucesso como atleta. Eu sou a favor de colocar alguns especialistas no clube. O Palmeiras foi o primeiro clube a ter um treinador de goleiro. Outro dia, eu conversei com o Luiz Felipe Scolari e perguntei o que ele achava de colocarmos treinadores de volante, de atacante, de alas. Nessa conversa, estava participando o Arce, que achou super interessante a ideia. De repente, grandes ídolos podem ser treinadores específicos sobre o controle de um treinador geral. Vamos pensar no futebol americano, que há o treinador de defesa e de ataque, além do técnico geral. Vamos pensar com carinho.

João Paulo Palmeiras (via comentários) - O Barcelona é o melhor time do mundo e quase todo formado nas categorias de base. Quando o Palmeiras vai começar a dar mais chance às categorias de base?

PAULO NOBRE: O Barcelona é invejável (solta um largo sorriso neste momento). É lindo ser o Real Madrid, contratar os melhores do mundo, agora é um orgulho formar os próprios jogadores e alcançar o sucesso. Seria um sonho conseguir, mas um passo de cada vez. Precisamos dar força à base, mas não de forma fisiológica. Trabalho de base não se remete a um prazo curto. Muitas pessoas não investem na base porque o resultado acaba acontecendo na gestão futura. Compromisso nosso é dar muita força à base. Se der sucesso em outra gestão, não tem problema nenhum. O que importa é fazermos algo pelo Palmeiras. Para chegar ao Barcelona, devagar. Vamos dar estrutura primeiro, revelar um jogador aqui e acolá. Não quero ser campeão nos times menores, mas sim ter jogadores para serem vendidos ou gerar atletas para o time principal.

Caio Felipe D'Andrea (via comentários) - É possível fazer uma estátua do Marcos ajoelhado com os braços para cima no Palestra?

Paulo Nobre: Isso não depende do presidente, é uma decisão do Conselho Deliberativo. O busto para o Marcos é algo natural, mas é uma coisa que o conselho decide, passa por um processo especial. Eu, como presidente, tentaria deixar os ídolos próximos ao clube, com o Marcos não seria diferente. É uma pessoa com ótimo caráter, tenho profundo respeito pelo amor que ele tem pelo Palmeiras, pelo profissional. É um cara que tem admiração de todos.

Alex Araújo (via comentários) - Gostaria de saber sobre a política dos candidatos em relação aos outros esportes como basquete e futsal?

PAULO NOBRE: Acho que tem que parar com o paternalismo que existe das diretorias querendo dinheiro, dinheiro, dinheiro para se manter. Quero meus diretores com uma postura proativa. Hoje existem leis que incentivam o esporte. Cada diretoria tem que aprovar seus recursos, e o Palmeiras, usando sua influência no mercado, com grande palmeirenses empresários, tentaria viabilizar. A ideia é diminuir os impostos pagos. Acho que consigo escolher diretores com esse perfil.