Pierre: 'Fui dar uma de herói... O erro foi não parar'

Pierre: 'Fui dar uma de herói... O erro foi não parar'
Perto dos 200 jogos pelo Verdão, volante fala ao LNET! sobre dores crônicas no pé e sonha em fechar ano com título



Apesar dos problemas e da reserva, Pierre busca motivação (foto:Ari Ferreira)
Thiago Salata
Publicada em 07/11/2010 às 09:07
São Paulo

Pierre é o Guerreiro da torcida palmeirense desde 2007. Mas até o camisa 5 admite que exagerou ao tentar ir a campo com dores crônicas no pé direito.

Uma fascite plantar (ler mais abaixo) o incomoda há seis meses. Resultado: queda de rendimento e perda da vaga de titular após três anos como o dono da posição, indicado três vezes seguidas pela CBF como um dos melhores volantes do Campeonato Brasileiro.

Neste domingo, contra o Guarani, jogo com transmissão em tempo real pelo LANCENET!, às 19h30, Pierre deve começar jogando na equipe reserva que Felipão irá lançar.

– Agora só falta um mês. Quem jogou seis com dor, mais um não é problema – afirmou o xodó da torcida, que atendeu ao LANCENET! por telefone, sábado, antes do treino.

Na superação, Pierre promete não desanimar. A meta é voltar a jogar em alto nível, o que só deve acontecer em 2011, após cirurgia para eliminar de vez o problema.

– Não vejo a hora de poder voltar a jogar sem dor – comentou.

Antes disso, porém, há objetivos: com 191 jogos pelo Verdão, ele pode atingir a marca de 200 neste ano caso a equipe chegue à decisão da Copa Sul-Americana, principal objetivo dos jogadores.

Fechar o ano com o título seria a recompensa pelo ano que o volante considera como o seu pior profissionalmente no Palmeiras.

L!: Você está fechando seu quarto ano de Palmeiras. O que pensa ao parar para pensar no período?
P: Eu me sinto feliz demais, mesmo enfrentando todas as dificuldades. O meu balanço é positivo. Consegui receber o carinho dos torcedores. Tive um ano de 2007 muito bom, 2008 bom também, apesar dos problemas. Em 2009 foi o ápice, cotado para Seleção. Tive uma lesão no tornozelo que me tirou da reta final. Jà 2010 foi o ano mais difícil, o pior em termos individuais, de rendimento, devido a esse problema no pé. Terei de fazer uma cirurgia no fim da temporada.

L!: Muita gente se pergunta: por que você não parou e se tratou?
P: Essa dor eu já vinha sentindo faz tempo. No ano passado já sentia, mas foi feita uma palmilha e consegui jogar. A dor voltou no primeiro semestre deste ano. Teve a parada para a Copa do Mundo. Fiz tratamento, mas não adiantou. Faz seis meses que luto contra essa dor, tem me atrapalhado bastante. Está sendo ruim. Já fiz de tudo, acupuntura, fui a especialistas, fisioterapia, infiltração... É uma dor crônica e estamos pensando na possibilidade da cirurgia. Não parei antes porque os médicos não acharam necessário, não era o caso. Sempre joguei em alto nível, sou jogador de força e isso me atrapalha. Agora o campeonato está afunilando. A tendência agora é a de parar mesmo nas férias.

L!: O melhor então seria parar...
P: Eu não tinha parado para tratar, isso é recuperado com repouso. Mas no calendário louco... Um dos meus maiores erros foi não ter parado. Isso me atrapalhou muito, em termos de saúde. Temos uma vida pela frente, sou novo. Fui dar uma de herói, de guerreiro, jogar com dor... Isso me prejudicou, não conseguia render. O torcedor me conhece, mas há uma desconfiança. O futebol é fruto de resultados e sem estar em alto rendimento há desconfiança. Eu me arrependo de não ter parado e tratado para ficar logo 100%.

L!: É mais um desafio a vencer?
P: É uma meta minha. Não é qualquer dor que me deixa de fora, que me limita. Essa é chata. A meta é não desanimar nunca. Não vou deixar baixar a guarda, já passei problemas piores e vou superar isso.

L!: Quais as limitações em campo?
P: Para correr, frear, para girar. Depois dos 90 minutos, para recuperar precisa de uns dois dias com gelo no pé. Em casa, é gelo, eletrodo, tudo eu tenho feito. Não adiantou. Quando parei um tempo na Copa, deu uma melhorada. Mas recupera com repouso, não tive. Continuei treinando, não fico fora de um treino. Sem parar de treinar não recupera. Não consegui jogar em alto nível. Não é uma dor que passa. Felipão chegou, quis mostrar trabalho. Até no dia a dia sinto. Não posso andar de sapato. Vem a desconfiança da torcida, isso me chateia. Mas sei da minha capacidade.
NR: na pausa para a Copa do Mundo, o Palmeiras teve dez dias de folga e ficou um mês treinando na Academia de Futebol. Pierre reforçou o tratamento e foi poupado de algumas atividades durante a preparação do time.

L!: Agora, então, nem pensar em parar de treinar. Vai com dores...
P: Sem dúvida. Tenho procurado dar o melhor quando o professor opta por mim. É superação. Estamos em uma reta final de uma competição que é prioridade (Sul-Americana). Vamos ver se conseguimos fechar o ano com chave de ouro.

L!: A torcida gosta de você. Após três anos, como encara a reserva?
P: Vou falar que não foi fácil. Procuro respeitar o treinador e meus companheiros que estão jogando. Mas é difícil e complicado. Nunca fui reserva em três anos e, de repente, ir para a reserva é complicado. Sei da minha capacidade, não me considero reserva, porque temos um grupo e um plantel. Dou força para os companheiros e espero minha chance para voltar.

L!: Você teve propostas para sair no meio de 2009 e ficou. Hoje, fica um certo arrependimento?
P: De maneira alguma. Estou muito feliz no Palmeiras, mesmo com tudo que está acontecendo. O Palmeiras é minha casa, quero marcar meu nome aqui. Esses momentos vão passar e tenho uma longa jornada aqui. Meu contrato vai até o fim de 2012 e quero conquistar títulos, voltar a jogar em alto nível na equipe.

L!: Então, você fica em 2011?
P: A meta maior é me recuperar. Acabando o campeonato é pensar 100% na recuperação. Se tiver de operar, vou operar e voltar a jogar sem dor, como sempre joguei nos três anos de Palmeiras.

L!: Acha que dá para chegar ao jogo 200 ainda neste ano?
P: A cada dia sonho com isso. Nunca chega. São 191 jogos. Faltam nove. Se chegar à final da Sul-Americana, se o professor optar por mim, dá. Gostaria de completar esses 200 jogos e coroar com o título. Isso compensaria as dificuldades do ano.

L!: E como será disputar o Brasileirão, com chances remotas?
P: O campeonato está muito irregular. Ficamos distantes com a derrota para o Atletico-PR. É procurar vencer os jogos e ver os outros resultados. Se distanciarem mesmo, é a Sul-Americana.

L!: O ano do Palmeiras começou conturbado, o que reflete até hoje. Você desanimou? Qual a perspectiva para 2011?
P: Uma coisa que tem acontecido aqui é não manter o elenco. O elenco de 2007 não ficou em 2008, o de 2008 não ficou em 2009. No começo deste ano foi igual. Para começar bem, tem de manter o elenco. A permanência dos jogadores é fundamental, pelo convívio, entrosamento, peças encaixando. Isso faz a diferença.

L!: A torcida está concentrando forças para quarta, contra o Atlético-MG, no Pacaembu. Qual o peso do torcedor nesta decisão da Sul-Americana?
P: O torcedor é o nosso termômetro. O torcedor do Palmeiras, mesmo longe do Palestra Itália, tem nos incentivado e comparecido. Os torcedores estão junto, a equipe está assimilando o que Felipão pede. O torcedor vai comparecer e vamos fazer de tudo para buscar esse título.

L!: E depois, é tratar as dores!
P: Chega de querer dar de herói. Em campo, o torcedor não quer saber. Tem de correr e jogar.



O problema: fascite plantar
É uma inflamação nos músculos da planta do pé. As forças de tração durante o apoio levam ao processo inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração das fibras fasciais que se originam no osso. É um problema comum em corredores.

Tratamentos possíveis: Repouso, infiltrações com fator de crescimento, alongamento, aculputura, palmilhas especiais e gelo.

NO SEU AUGE NO PALMEIRAS...DEMONSTROU MUITA RAÇA E POUCA TÉCNICA....COM A CONTUSÃO, PREJUDICOU A RAÇA..ENTÃO COMO NÃO TINHA TÉCNICA...FUD...MAS AINDA TEM CRÉDITO COM O TORCEDOR...JOGADOR MUITO ÚTIL AO ELENCO....