Na hora dos pênaltis, é só o torcedor do Verdão rezar que São Marcos aparece

13/05/09 - 13h20 - Atualizado em 13/05/09 - 15h04

Na hora dos pênaltis, é só o torcedor do Verdão rezar que São Marcos aparece
O goleiro palmeirense disputou nove decisões desse tipo com o Palmeiras em Libertadores e venceu sete. No total, foram dez defesas

Julyana Travaglia e Marcelo Prado
Recife e São Paulo
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Dentre as muitas qualidades que tem embaixo da trave, Marcos é um especialista em defender pênaltis. E os números do goleiro do Palmeiras nesse quesito provam isso. Já contando a partida desta terça-feira, contra o Sport , ele disputou nove decisões por pênaltis em Libertadores da América com o Verdão. O saldo é altamente positivo: foram sete vitórias e apenas duas derrotas. No total, nas séries decisivas, ele pegou nada menos que dez cobranças. Assista ao vídeo com todas as defesas de Marcos em decisões por pênaltis na Libertadores.



Curiosamente, a grande atuação de Marcos na partida contra o Sport aconteceu exatamente dez anos após o goleiro alviverde ter brilhado pela primeira vez em uma decisão por pênaltis. E foi contra o rival Corinthians, em jogo realizado no dia 12 de maio de 1999 e válido pela Taça Libertadores da América. Na ocasião, ele defendeu a cobrança de Vampeta. Marcos até brinca com a situação.



- Já faz dez anos. Eu precisava de outra atuação boa como aquela. O Lenny falou que era criança e me viu defendendo o pênalti pela TV - afirmou o goleiro, rindo na sequência.



Naquele ano, o Palmeiras foi campeão sul-americano derrotando o Deportivo Cáli na decisão por pênaltis. Mas Marcos não pegou nenhuma cobrança. No chute decisivo, o volante colombiano Zapata chutou para fora.



Marcos voltou a ser decisivo em decisões por pênaltis no ano seguinte, em 2000. Primeiro, nas oitavas de final, contra o Peñarol (URU), quando fez duas defesas, evitando os gols de Aguirregaray e Cedres. Depois, novamente contra o Corinthians, pegando a cobrança de Marcelinho Carioca. Na final, no entanto, ele não conseguiu fazer novo milagre e o Verdão acabou perdendo para o Boca Juniors (ARG) nas penalidades.



Em 2001, o goleiro palmeirense voltou a dar o ar da graça. Nas oitavas de final, a equipe venceu o São Caetano nos pênaltis, mas ele não fez nenhuma defesa. Porém, compensou na fase seguinte, contra o Cruzeiro, pegou três cobranças, feitas por Luisão, Ricardinho e Marcos Paulo. Na decisão, novamente o Boca como adversário. E a história se repetiu com a vitória argentina.



O último milagre do santo palmeirense aconteceu na Ilha do Retiro, em Recife. E Marcos não acredita em sorte. Para ele, defender tantos pênaltis é sinônimo de muito trabalho.



- Pênalti é trabalho. Eu nem consegui estudar os cobradores do Sport. Fui na intuição mesmo. Mas estava confiante na hora dos pênaltis, fiz concentração, pensei na minha mãe e na oração que ela fez,. Se tivesse pegado um já estaria muito feliz. Imagina pegando três - concluiu um dos maiores ídolos da torcida palmeirense.



Confira o retrospecto de Marcos em decisões de pênalti na Libertadores




1999
12/5 Corinthians 2 (2) x 0 (4) Palmeiras, nas quartas Defendeu uma cobrança (Vampeta)
16/6 Palmeiras 2 (4) x 1 (3) Deportivo Cáli, na final Nenhuma defesa de Marcos
2000
11/5 Palmeiras 3 (3) x 1 (2) Peñarol, nas oitavas Defendeu duas cobranças (Aguirregaray e Cedrés)
6/6 Palmeiras 3 (5) x 2 (4) Corinthians, nas semifinais Defendeu uma cobrança (Marcelinho Carioca)
21/6 Palmeiras 0 (2) x 0 (4) Boca Juniors, na final Nenhuma defesa de Marcos
2001
16/5 Palmeiras 1 (5) x 0 (3) São Caetano, nas oitavas Nenhuma defesa de Marcos
30/5 Cruzeiro 2 (3) x 2 (4) Palmeiras, nas quartas Defendeu três cobranças (Luisão, Ricardinho e Marcos Paulo)
13/6 Palmeiras 2 (2) x 2 (3) Boca Juniors, nas semifinais Nenhuma defesa de Marcos
2009
12/5 Sport 1 (1)x 0 (3) Palmeiras, nas oitavas Defendeu três cobranças (Luciano Henrique, Fumagalli e Dutra)
No total, Marcos participou de nove disputas de pênalti na Libertadores. Com dez defesas, venceu sete e perdeu duas.



Fonte site Globo.com

o Lenny continua uma criança!

Blog José Roberto Toreiro

O verdadeiro Menino Maluquinho


(A partida do goleiro Marcos contra o Sport foi tão brilhante que vou republicar aqui, com modificações, um texto que fiz sobre ele para a Folha, no ano passado).




Jovial leitora e infantil leitor, vós já lestes "O Menino Maluquinho"? Eu já. E algumas vezes. É um delicioso livro escrito em 1980 pelo Ziraldo, um imenso sucesso que já vendeu quase três milhões de exemplares. Ele conta a história de um garoto alegre e sapeca, que fazia as coisas que tinha vontade.

Agora, eu vos pergunto: em que posição jogava o Menino Maluquinho em suas peladas de futebol? E eu vos respondo: goleiro. Nada menos do que dez páginas do livro são gastas para contar a vida de goleiro do Menino Maluquinho, posição em que ninguém quer jogar quando criança, mas que ele abraçou com gosto e graça.

Pois bem, no fim do livro o menino cresce e não sabemos que profissão ele seguiu. Porém, desconfio seriamente que ele seguiu a carreira de goleiro. E mais ainda: desconfio que ele tornou-se Marcos, do Palmeiras. Os sinais são claros. Em primeiro lugar, Marcos nasceu em 1973, ou seja, tinha sete anos quando foi lançado "O Menino Maluquinho", que provavelmente também tinha esta idade.

Outro sinal é que ambos fazem o que lhes dá na telha. Por exemplo, enquanto a maioria dos jogadores venderia a mãe para jogar no exterior, ele decidiu não ir para o Arsenal em 2003. É bem verdade que Marcos chegou até a viajar à Inglaterra para assinar contrato, mas foi a contragosto, e decidiu ficar por aqui: seu pai estava com problemas cardíacos, e a namorada, grávida.

E ele tem o raro costume de ser sincero. Nas entrevistas, enquanto a grande maioria dos jogadores dá entrevistas óbvias, que parecem ditadas por assessores de imprensa, Marcos fala o que realmente lhe vem à cabeça. Foi assim que disse a frase politicamente incorreta:

"Fumo um ou dois cigarrinhos quando tomo uma cerveja".

E, quando o criticaram por fumar, retrucou:

"Isso deu mais polêmica do que o Giba (do vôlei) ter fumado maconha. Acho que vou mudar para maconha".

O menino de Oriente, cidadezinha de 6.000 habitantes, tem língua afiada mas é ainda melhor com as mãos. Os palmeirenses jamais esquecerão dos pênaltis que ele defendeu contra o Cruzeiro pela Mercosul ou das suas partidas contra o Corinthians na Libertadores, quando Marcos parecia uma parede de tijolos construída entre os três paus. E os brasileiros em geral hão de lembrar de suas defesas contra a Turquia ou daquela logo nos primeiros minutos da final da Copa de 2002, quando um alemão deu um chute espetacular de fora da área, e Marcos, com a pontinha da unha, desviou a bola para a trave.

É claro que ele fez jogos terríveis, como na derrota por 7 a 2 para o Vitória, em pleno Parque Antártica, quando falhou em três gols. Mas, mesmo neste momento, em vez de jogar a culpa na defesa, assumiu seus erros e disse: "Ainda bem que o Vitória não chutou mais a gol depois do 7 a 2. Eu nem ia pular mais nas bolas".

Em 2007, Marcos parecia caminhar para a aposentadoria. Era uma contusão atrás da outra e Diego Cavalieri vinha jogando bem. Mas ele se recuperou, mandou o jovem talentoso para a reserva e voltou a ser um dos melhores goleiros do país. Talvez o melhor. E sem deixar de ser simpático e original, pouco se importando com a imagem. "Se me importasse, fazia a barba todos os dias."

E hoje, dia 12 de maio de 2009, ele fez uma partida espetacular. Durante os noventa minutos, Marcos defendeu pelo menos cinco bolas difíceis. E, na hora dos pênaltis, pegou três dos quatro chutes. Três dos quatro!

Há que ser um bocado menino e um bocado maluquinho para continuar sendo um goleiro tão bom aos 35 anos.

vai que é sua marcosssss!!! AKI É PALESTRA PORRA!!!